A medicina também tem seu lado oculto e cruel. Na história da humanidade, médicos,
cientistas e pesquisadores já ultrapassaram os limites da ética para realizar
os experimentos mais abomináveis que poderíamos imaginar.
Conheça
abaixo os sete casos mais chocantes de experiências médicas dos últimos
séculos.
1. O caso Tuskegee
Um dos mais notórios e absurdos casos da medicina
moderna aconteceu no estado do Alabama, nos Estados Unidos, na cidade de
Tuskegee, onde um grupo de 399 afro-americanos com sífilis participou de um
estudo sobre os efeitos da doença.
Neste caso, a análise da evolução dessa patologia
significava o seu não tratamento. O Serviço de Saúde Pública informava apenas
que eles tinham “sangue ruim” e omitiam o diagnóstico conhecido e o prognóstico
esperado.
Esses homens, bem como outros 201 saudáveis, foram
acompanhados por esse programa de 1932 até 1972, quando o estudo foi finalmente
exposto ao público e imediatamente encerrado pelo governo. O grupo nunca
recebeu o tratamento adequado, mesmo depois de 1947 quando a penicilina se
tornou a droga principal no combate da sífilis.
2. Experimento com sífilis na Guatemala
De 1946 a 1948, o Serviço de Saúde Pública dos Estados
Unidos com consentimento das autoridades da Guatemala conduziram um experimento
para estudar os efeitos da sífilis, infetando deliberadamente prisioneiros e
pacientes de um hospital psiquiátrico da Guatemala.
O objetivo era testar a resposta da doença para o
tratamento com a penicilina. De acordo com dados divulgados recentemente a
pedido do presidente Barack Obama, cerca de 1.300 foram expostas à sífilis e
gonorreia no caso da Guatemala.
Os prisioneiros e pacientes eram infetados por
inoculação direta da bactéria ou sendo obrigados a ter relações sexuais com prostitutas portadoras da doença. Entre os infetados, apenas 700 receberam o tratamento médico. O experimento levou 83 pessoas à morte.
3. O pioneirismo questionável de J. Marion Sims
J. Marion Sims é considerado um cirurgião pioneiro e o
pai da ginecologia moderna. Porém, ao realizar operações de reparo de fístula vesicovaginal
em escravas possivelmente sem consentimento e sem qualquer recurso anestésico
para diminuir a dor, deixou um legado questionável sobre a sua prática médica.
O cirurgião realizou mais de 30 intervenções
cirúrgicas na mesma escrava, de nome Anarcha, até aperfeiçoar e técnica e
solucionar de vez o problema de fístula da mulher. Naquela época, a
incontinência urinária causada por uma fístula, um problema de comunicação
entre os órgãos, resultava na rejeição da mulher pela sociedade.
Apenas depois de trabalhar com as escravas, Sims
começou a tratar as mulheres brancas com esse problema (em geral, causado por
problemas no trabalho de parto), mas dessa vez com o total consentimento das
pacientes e com a devida aplicação de anestesia.
4. Os assassinatos de Burke e Hare
Entre os anos de 1827 e 1828, os dois amigos venderam
corpos de 16 vítimas para o médico utilizar nos seus estudos. Knox não
desconfiou, ou pelo menos não se importou, que os corpos entregues pela dupla
eram bastante frescos. O caso, porém, acabou com a reputação do médico quando
os assassinatos vieram à tona.
Burke e Hare utilizavam a prática de sufocamento de
suas vítimas como forma de preservar os corpos para dissecação e não produzir
marcas de violência. A técnica da dupla gerou a expressão em inglês “burking”
para designar o sufocamento silencioso de algo ou alguém.
5. O “Estudo Monstro” de Wendell Johnson
Em 1939, pesquisadores da Universidade de Iowa, nos
Estados Unidos, realizaram um experimento em órfãos para provar a hipótese de
que a gagueira era resultado da ansiedade das crianças quanto à fala. Vinte e
duas crianças participaram do programa no qual recebiam críticas sobre suas
ansiedades e eram coagidas a permanecerem quietas caso não tivessem certeza de
que poderiam falar sem gaguejar.
A experiência não induziu a gagueira, mas as crianças
que receberam a terapia negativa no estudo sofreram com efeitos psicológicos,
de insegurança, ansiedade e isolamento, além de apresentar outros problemas de
fala que não a gagueira ao longo da vida.
Mary Tudor, encarregada por Wendell Johnson para lidar
com as crianças, diz se arrepender de ter participado do programa e reconheceu
o mal que o “Estudo Monstro” gerou naquelas crianças.
6. A Unidade 731
Entre os anos de 1930 e 1940, o Exército Imperial
Japonês conduziu uma unidade secreta de experimentos com seres humanos, em
grande parte na China, como parte de suas práticas de guerra. E para isso,
utilizou até um programa de fachada para ocultar as atividades, criando o
Departamento de Purificação da Água e Prevenção de Epidemias.
Entre as mais terríveis atrocidades cometidas pelo
exército japonês, havia testes de resistência física dos mais variados que
tentavam avaliar as condições para levar alguém à morte. Presos eram pendurados
de cabeça para baixo, infetados com doenças e colocados em câmaras de gás até
seus olhos estourarem. Os alvos eram criminosos comuns, guerrilheiros inimigos
e prisioneiros políticos, e estima-se que cerca de 200 mil pessoas possam ter
morrido nas mãos da Unidade.
7. Experimentos nazistas
Entre os crimes mais abomináveis e cruéis que já se
teve conhecimento na história da humanidade, a prática nazista de realizar
experimentos em prisioneiros em nome de uma raça superior ariana é certamente
uma das mais horrorosas em termos médicos e humanos.
Os nazistas submetiam seus prisioneiros a doenças para
testar tratamentos e se preparem para uma guerra química. Eles também
praticaram procedimentos de esterilização experimental, além de colocarem os
presos em ambientes de condições extremas para verificar o comportamento do
corpo. Isso sem falar do extermínio em massa por câmaras de gás e outras atrocidades
cometidas pelos nazistas.
Muitos médicos envolvidos com os experimentos nazistas
foram condenados como criminosos de guerra. Josef Mengele, um dos principais
oficiais do campo de Bikernau, fugiu para a América do Sul e morreu no Brasil
em 1979.
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